Parques urbanos e espaços verdes ajudam a combater o calor, aumentar a biodiversidade e transmitir uma sensação de tranquilidade na selva urbana. Mas, eles também ajudam a retardar o envelhecimento biológico. Segundo um estudo da Science Advances, pessoas que conseguem morar próximo a áreas verdes são, em média, 2,5 anos mais jovens biologicamente.
“Acreditamos que nossas descobertas têm implicações significativas para o planejamento urbano, no sentido de expandir a infraestrutura verde para promover a saúde pública e reduzir as disparidades de saúde.” comenta Kyeezu Kim, autor principal do estudo e pesquisador pós-doutorado na Feinberg School of Medicine da Northwestern University, de Chicago, nos Estados Unidos.
A exposição a espaços verdes está associada a uma melhor saúde cardiovascular e a menores taxas de mortalidade. Acredita-se que isso esteja relacionado a uma maior atividade física e interações sociais, mas não estava claro se os parques realmente retardavam o envelhecimento em nível celular.
“Outros fatores, como o estresse, a qualidade do espaço verde ao redor e o suporte social, podem afetar o grau de benefícios dos espaços verdes em termos de envelhecimento biológico”, explicou Kim, ressaltando que as disparidades requerem estudos adicionais.
Hortas urbanas podem ser saída para fome e para quem quer morar próximo à áreas verdes
A agricultura urbana tem diversos benefícios. Então, ela traz o consumidor para perto do produtor, o custo ambiental da comida cai muito e o preço também.
A AgroFavela – Refazenda em São Paulo, por exemplo, éuma horta comunitária vertical, com boxes de plantio e canteiros, localizada na região de Paraisópolis (SP). Ao todo, são cultivadas 60 espécies de hortaliças e frutas, em um espaço de 900 m².
De acordo com estudos na região, a AgroFavela tem prestado um grande serviço à biodiversidade da região, atenuando ilhas de calor, atraindo polinizadores e auxiliando na purificação do ar.
por Peter Milko
Um pouco de reflexão sobre o papel dos professores na nossa vida faz bem. Lembro que minha primeira paixão escolar foi por História e Química, culpa das professoras Zilda e Lucy, que souberam prender minha atenção e me entusiasmar pelo assunto. Depois, as aulas espetaculares de biogeografia do professor Vanzolini e de construção da paisagem de Aziz Ab´Saber na USP me transformaram, por que finalmente comecei a entender como funcionam os processos naturais que movem o planeta.
Professores inspiram, desafiam, acolhem, ensinam e ajudam a decidir os caminhos da vida. São um dos pilares mais importantes para qualquer sociedade que deseja um futuro melhor. Basta ver exemplos como os da Finlândia e Coréia do Sul, que investiram maciçamente na educação e alcançaram invejáveis índices de qualidade de vida.
Aqui no Brasil temos um longo caminho a percorrer na valorização dos professores. Temos avanços, muito tímidos ainda, perto da escancarada defasagem de aprendizado que os indicadores informam. Quando a prova internacional PISA mostra que apenas 2% dos estudantes brasileiros com 15 anos consegue diferenciar fatos de opiniões, o sinal de alerta está evidente.
Nosso trabalho na Horizonte tem sido focar a maior parte dos esforços na qualificação dos professores, para que eles aprimorem as técnicas de manter a atenção de seus alunos, e assim, os inspirem a escolher seus caminhos de vida. Esse ano atuamos nessa direção com 634 docentes de 24 cidades, que impactaram diretamente 18.290 estudantes (*). Trata-se de uma gota no oceano, em um setor que precisa de muito mais apoio do Governo e da sociedade.
Nessa semana, vale reforçar nosso respeito e admiração por esses profissionais que inspiram jovens: os professores!
(*) Para conhecer os projetos em que estamos envolvidos esse ano, acesse:
Já pensou alunos refletindo sobre a importância da diversidade ao mesmo tempo em que desenvolvem habilidades de leitura, escrita e ilustração? O projeto Respeito às Diferenças une tudo isso por meio de mecânicas que procuram resgatar a magia e o encantamento de contar histórias por meio de cartas, motivando a imaginação e criatividade dos estudantes.
A iniciativa é um projeto educacional voltado a alunos do Ensino Fundamental I de escolas públicas, seguindo as competências definidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ao mesmo tempo que propõe a reflexão sobre diversidade e o gênero literário cartas.
Seu desenvolvimento compreende quatro etapas cronológicas: Orientação aos professores, que são as oficinas pedagógicas onde os educadores das cidades envolvidas passam por uma imersão na área do conhecimento de Língua Portuguesa e Direitos Humanos, além de receberem o Guia de Orientação Literária elaborado especialmente para balizar todo o projeto; Produções literárias, etapa em que os alunos do fundamental I (de 8 a 10 anos), sob orientação dos professores, produzem as cartas e as ilustrações sobre o tema, além de outras experiências como entrevistas, leituras paralelas, idas ao correios, atividades científicas e tudo o que os educadores estimularem; Escolha das cartas e ilustrações, fase que seleciona 4 produções para representar a escola junto à banca que definirá as produções finalistas para compor o livro Respeito às Diferenças.
Todas as escolas participantes terão pelo menos um trabalho publicado no livro, e receberão, gratuitamente, vários exemplares. Os alunos que tiverem seus textos publicados serão convidados a narrá-los, no formato podcast, que será publicado no site do projeto: respeitoasdiferencas.com.br.
O “Respeito às Diferenças” congrega competências previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como por exemplo a de “compreender-se na diversidade humana” e a de “promover o respeito ao outro e aos direitos humanos”. Para Allan de Amorim, coordenador da ação na Flamingo, realizadora do Respeito às Diferenças, o projeto é peculiar no objetivo de desenvolver a empatia. “Considero pontos importantes do projeto o estímulo à criatividade dos estudantes e à promoção da reflexão cidadã, tudo isso por meio do resgate à produção de cartas, um gênero literário que marcou séculos na história da humanidade e na nossa forma de expressão escrita, e às narrações das histórias finalistas pelos próprios alunos. São elementos lúdicos para motivar o pertencimento à escola, à habilidade empática e à autoestima”, comenta Allan.
O projeto é realizado pela Flamingo Comunicação, com patrocínio do Instituto Aegea e apoio local da concessionária Ambiental Metrosul, além de apoio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Ao todo o projeto percorrerá 10 cidades brasileiras (Canoas (RS), Cariacica (ES), Diamantino (MT), Esteio (RS), Matão (SP), Pedra Preta (MT), Piracicaba (SP), Serra (ES), Sorriso (MT) e Teresina (PI)).
Um estudo inédito, encomendado pelo Blue Keepers, projeto ligado à Plataforma de Ação pela Água e Oceano do Pacto Global da ONU no Brasil, aponta que cada brasileiro pode ser responsável por poluir os mares com 16kg de plásticos por ano. São 3,44 milhões de toneladas desse material propensas ao escape para o ambiente no país, ou 1/3 do plástico produzido em todo o Brasil corre o risco de chegar ao oceano todos os anos.
A pesquisa inédita, feita entre julho de 2021 e abril de 2022, faz parte dos dois primeiros relatórios produzidos pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo.
O estudo observou também que existe um alto risco desse estoque plástico chegar até o oceano por meio de rios. Esse nível de risco varia ao longo do território brasileiro, mas áreas como a Baía de Guanabara (RJ), rios Amazonas (Amazonas e Pará), São Francisco (entre Sergipe e Alagoas) e foz do Tocantins (Pará), e na Lagoa dos Patos (Porto Alegre), são especialmente preocupantes. Além disso, diversos municípios, mesmo no interior, têm alto risco de contribuir para o lixo plástico encontrado no oceano e, por isso, é necessário agir localmente nessa questão.
A metodologia desenvolvida é inédita e traz avanços sobre modelos globais usados em estudos anteriores. O Blue Keepers utilizou parâmetros socioeconômicos e geográficos que não haviam sido representados anteriormente, como a reciclagem informal e a presença de barragens no país. Portanto, a própria metodologia em si é um resultado importante para que outros países busquem diagnosticar suas poluições por plástico.
Realizado o diagnóstico Brasil, o projeto inicia ações locais começando no segundo semestre de 2022, priorizando 10 municípios. O Rio de Janeiro será a primeira cidade a ser assistida pelo Blue Keepers, que identifica de onde vêm os resíduos para criar soluções para prevenir o problema.
O projeto atua como uma ferramenta de planejamento e execução de ações diagnósticas e soluções por meio de parcerias entre os setores público e privado, em alinhamento com o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar (PNCLM) e a recém-lançada Resolução da ONU Meio Ambiente pelo Fim da Poluição por Plásticos. As outras cidades prioritárias são Manaus (AM), Belém (PA), São Luís (MA), Fortaleza (CE), Natal (RN), João Pessoa (PB), Recife (PE), Maceió (AL), Aracaju (SE), Salvador (BA), Vitória (ES), São Paulo (SP), Baixada Santista (SP) e Porto Alegre (RS).
O Blue Keepers é uma iniciativa nacional que busca a efetiva mobilização de recursos e inovação tecnológica no combate à poluição do plástico em bacias hidrográficas e oceanos, com o envolvimento de empresas de todos os setores, diferentes níveis de governo e da sociedade civil na preservação do ecossistema. A iniciativa faz parte da Década dos Oceanos, criada pela ONU em 2020, que visa a conservação e uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. Hoje, estima-se que 150 milhões de toneladas de plástico circulem no mar.
“O que as florestas e o desmatamento têm a ver com nossa saúde”? Essa pergunta que muitas pessoas fazem é também o título de um novo estudo do WWF-Brasil, que mostra a íntima relação entre a saúde humana e a saúde do meio ambiente. A nota técnica mostra como o desmatamento, as queimadas, a poluição do ar, a alteração das temperaturas e as novas doenças decorrentes de modificações de ecossistemas têm afetado a saúde e o bem-estar da população em geral.
Ao derrubar árvores e interferir na natureza, o homem se expõe a doenças provocadas por insetos vetores e microorganismos. O perigo chega às cidades que não aprenderam a controlar essa ameaça. Saiba mais sobre o assunto na reportagem “A guerra contra o mosquito”, da revista Horizonte Geográfico, clicando aqui.
De acordo com o documento, o ar da floresta Amazônica é muito limpo, especialmente na estação chuvosa, quando as precipitações removem aerossóis da atmosfera. No entanto, essa característica se modifica com as queimadas: a fumaça decorrente dos incêndios na Amazônia é altamente tóxica, causando falta de ar, tosse e danos pulmonares à população, e respondem por 80% do aumento regional da poluição por partículas finas, afetando 24 milhões de pessoas que vivem na região.
Outro dado apresentado é que durante a “estação das queimadas” na Amazônia brasileira (entre julho e outubro), aproximadamente 120 mil pessoas são hospitalizadas anualmente devido a problemas de asma, bronquite e pneumonia. Durante períodos de incêndios intensos, principalmente em eventos de seca extrema, os poluentes da queima de biomassa podem aumentar as taxas de mortalidade cardiorrespiratória, bem como induzir danos genéticos que contribuem para o desenvolvimento de câncer do pulmão.
Além das doenças causadas pelo fogo, o desmatamento pode aumentar a transmissão de doenças infecciosas e até o surgimento de novas doenças. Um aumento de 10% no desmatamento leva a um aumento de 3,3% na incidência da malária, por exemplo.
Pesquisas na Amazônia peruana mostraram a existência de números maiores de larvas em poças d’água morna parcialmente abrigadas do sol, como as que se formam na beira de estradas abertas dentro da mata, e em água acumulada em meio a detritos, que não é consumida pelas árvores.
Novos vírus e pandemia
Durante o último século, em média, dois novos vírus por ano se espalharam de hospedeiros animais para as populações humanas – é o caso do Ebola, MERS, SARS e zika. O risco de surgimento de novas zoonoses em florestas tropicais é maior, por causa da sua grande diversidade de roedores, primatas e morcegos, mas também pelas suas altas taxas de desmatamento e degradação que levam à fragmentação dos habitats e à proximidade das populações, impulsionada pela expansão agropecuária.
A atual pandemia de Covid-19 é provavelmente resultado da pressão humana sobre os ecossistemas naturais. A nota técnica também aponta que as queimadas florestais na Amazônia podem ter aumentado o risco de infecção pelo vírus pela resposta inflamatória persistente que elas provocam, agravando ainda mais a situação de saúde da população deste bioma.
Bem estar e natureza
Outra informação que o documento traz é que o ambiente natural afeta o bem-estar individual e coletivo. Existem inúmeras evidências que destacam a importância da natureza para promover uma melhora nos estados de ânimo e bem-estar. A experiência na natureza está associada a uma melhora em vários índices de saúde, como a diminuição da pressão arterial, a redução dos hormônios associados ao estresse, a melhora dos batimentos cardíacos, do humor, da função cognitiva, dentre outros aspectos.
Agroflorestas
A dinâmica de expansão pecuária-agricultura é considerada a principal causa do desmatamento no Brasil e das emissões de carbono. Na Amazônia, entre 2000 e 2020, mais de 40 milhões de hectares de florestas foram convertidas em pastagens.
Ao contrário das monoculturas de commodities agrícolas produzidas nessas áreas desmatadas, o extrativismo e os sistemas agroflorestais protegem a agrobiodiversidade, sustentam a subsistência humana, segurança alimentar e soberania, e protegem serviços ecossistêmicos importantes, como conservação do solo e da água.
O levantamento aponta que algumas ações podem ajudar a manter os serviços ecossistêmicos das florestas e evitar os riscos de sua destruição. Entre elas estão a conservação das florestas, o melhor manejo da paisagem em áreas de atividades agropecuárias, a restauração das florestas desmatadas ou degradadas, inclusive as próximas de centros urbanos.
Os sistemas agroflorestais são apontados como uma das soluções para a produção sustentável. O levantamento ressalta aspectos positivos dos sistemas agrícolas amazônicos: são altamente sofisticados e incluem uma multiplicidade de plantas cultivadas, manejo complexo da paisagem, articulação com outras atividades de subsistência (caça, pesca, extrativismo) e diversas estratégias e práticas de manejo que refletem pelo menos 12.000 anos de interação com plantas e paisagens por povos indígenas e comunidades tradicionais.
Para ler o estudo completo, clique aqui.
Eventos climáticos extremos em 2021, incluindo congelamento invernal profundo, inundações, tempestades severas, ondas de calor e um grande furacão, resultaram em perdas anuais seguradas de catástrofes naturais estimadas em US$ 105 bilhões, a quarta mais alta desde 1970, de acordo com as estimativas do sigma preliminar do Swiss Re Institute.
Desastres provocados pelo homem geraram outros US$ 7 bilhões em perdas seguradas, resultando em perdas globais seguradas estimadas de 112 bilhões de dólares em 2021.
Os dois desastres naturais mais caros do ano foram registrados nos Estados Unidos. O furacão Ida causou entre US$ 30 e US$ 32 bilhões em danos estimados para segurados, incluindo inundações em Nova York e a tempestade de inverno Uri causaram US$ 15 bilhões em perdas de segurados.
Uri trouxe frio extremo, forte nevasca e acúmulo de gelo, especialmente no Texas, onde a rede elétrica sofreu várias falhas devido às condições de congelamento.
O evento mais caro na Europa, entretanto, foram as inundações de julho na Alemanha, Bélgica e países vizinhos, causando até US$ 13 bilhões em perdas seguradas, em comparação com perdas econômicas de mais de US$ 40 bilhões. Isso indica uma lacuna de proteção contra inundações ainda muito grande na Europa.
A enchente foi o desastre natural mais caro para a região desde 1970 e o segundo maior do mundo, depois da enchente de 2011 na Tailândia.
“O impacto dos desastres naturais que vivenciamos este ano mais uma vez destaca a necessidade de investimentos significativos no fortalecimento da infraestrutura crítica para mitigar o impacto das condições climáticas extremas”, explica Jérôme Jean Haegeli, economista chefe do Swiss Re’s Group.
Na outra ponta do espectro climático extremo, o Canadá, partes adjacentes dos EUA e muitas partes do Mediterrâneo experimentaram temperaturas recordes em 2021. Durante os últimos dias de junho, uma “cúpula de calor” estabeleceu um novo recorde de temperatura canadense de todos os tempos de quase 50°C em uma vila na Colúmbia Britânica.
As temperaturas no Vale da Morte, Califórnia, atingiram 54,4°C durante uma das várias ondas de calor no Sudoeste. O calor excepcional costumava ser acompanhado por incêndios florestais devastadores.
No entanto, as perdas seguradas associadas foram menores do que nos últimos anos, quando os incêndios afetaram áreas mais populosas. Na Califórnia, os incêndios florestais destruíram, em particular, grandes áreas florestais, mas, em contraste com 2017, 2018 e 2020, invadiram áreas de menor concentração de propriedade.
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