O problema da poluição do oceano está longe de ser apenas o canudinho: hastes flexíveis (ou os conhecidos “cotonetes”), pinos plásticos, fragmentos de isopor de delivery ou de compras online estão à frente dele na lista dos 10 itens mais encontrados em ambientes aquáticos de cidades pesquisadas pelo projeto Blue Keepers, do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.
Foram 55 mil itens coletados, contados e classificados desde 2022, sob metodologia de coleta amostral de resíduos desenvolvida em parceria com a Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano, que incorpora elementos do PNUMA e da National Oceanic and Atmospheric Administration, dos Estados Unidos. O inventário foi apresentado ao público por meio de um webinar aberto e gratuito no canal do Youtube e pode ser acessado aqui.
Confira o Inventário Nacional de Resíduos do Blue Keepers.
Os 10 itens mais encontrados no inventário do Blue Keepers até outubro de 2023 em ambientes aquáticos no Brasil (Praias, Rios, Lagoas, Manguezais) foram:
- Fragmentos de plástico em geral (7991 itens);
- Cigarros, filtros e bitucas (6263);
- Fragmentos de isopor -granulado (2856);
- Tampas de garrafa de bebidas – plástico (2843);
- Embalagens delivery (isopor liso) – fragmento (2482)
- Pinos plásticos/Eppendorfe (cápsula para drogas) (2030);
- Haste flexível/cotonete (1585);
- Tampinhas de garrafa – metal (1481);
- Canudo (1445);
- Tampas em geral – plástico (1205).
As coletas amostrais foram realizadas em Manaus/AM; Caucaia, São Gonçalo do Amarante e Fortaleza/CE; Recife/PE; Salvador/BA; Brasília/DF; Serra/ES; Arraial do Cabo, Armação de Búzios, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Rio de Janeiro/RJ; Santos e Itanhaém/SP, localidades já identificadas no Diagnóstico das fontes de escape de resíduos para o ambiente e do Webmapa com mais de 600 portas de entrada de resíduos para o oceano, já publicados pelo Blue Keepers.
Ao observar o ranking dos artigos mais encontrados o grupo notou que os fragmentos de plásticos representam mais de 15% da amostra, mostrando como esse material já se encontra em estágio de decomposição em ambientes aquáticos.
E em ao menos nove cidades, foram realizadas quatro coletas amostrais que permitiram fechar o ciclo anual de estações do ano são cidades com alto risco de escape de resíduos plásticos para corpos d’água, como já diagnosticado pelo Blue Keepers.
Em Manaus, os itens com maior recorrência nas coletas realizadas na desembocadura do Tarumã-Açu, um dos afluentes do rio Negro, foram garrafas PET e tampas plásticas; já no Rio de Janeiro, onde as coletas se concentraram no Sistema Lagunas de Jacarepaguá, foram fragmentos variados de plástico.
As minhocas são importantes impulsionadores da produção global de alimentos, contribuindo com cerca de 6,5% da produção de grãos e 2,3% das leguminosas produzidas em todo o mundo a cada ano. A descoberta é de um trio de cientistas da Universidade Estadual do Colorado, dos Estados Unidos, que publicou a pesquisa na revista Nature Communications.
Estas estimativas significam que as minhocas podem ser responsáveis por até 140 milhões de toneladas métricas de alimentos produzidos anualmente – aproximadamente comparável à quantidade de cereais (arroz, trigo, centeio, aveia, cevada, milho e milho) cultivados pela Rússia: o quarto maior produtor mundial de grãos.
Importância das minhocas
As minhocas ajudam a estabelecer solos saudáveis, apoiando o crescimento das plantas de várias maneiras – construindo uma boa estrutura do solo, auxiliando na captação de água e na agitação benéfica da matéria orgânica que torna os nutrientes mais disponíveis para as plantas.
Outras pesquisas também mostraram que as minhocas podem facilitar a produção de hormônios que promovem o crescimento das plantas e ajudar as plantas a se protegerem contra patógenos comuns do solo.
Minhocas e produção de grãos
O estudo analisou os impactos das minhocas em quatro culturas de cereais: arroz, milho, trigo e cevada. Além de um conjunto de leguminosas que incluía soja, ervilha, grão de bico, lentilha e alfafa.
Fonte disse acreditar que a biodiversidade do solo tem sido historicamente subvalorizada e que espera que este trabalho traga mais atenção para a forma como os solos saudáveis podem ter impactos positivos e tangíveis nas culturas.
“Se gerirmos os nossos solos de uma forma mais sustentável, poderemos aproveitar melhor esta biodiversidade e produzir agroecossistemas mais sustentáveis”, afirmou.
O artigo em inglês pode ser lido aqui.
“O que as florestas e o desmatamento têm a ver com nossa saúde”? Essa pergunta que muitas pessoas fazem é também o título de um novo estudo do WWF-Brasil, que mostra a íntima relação entre a saúde humana e a saúde do meio ambiente. A nota técnica mostra como o desmatamento, as queimadas, a poluição do ar, a alteração das temperaturas e as novas doenças decorrentes de modificações de ecossistemas têm afetado a saúde e o bem-estar da população em geral.
Ao derrubar árvores e interferir na natureza, o homem se expõe a doenças provocadas por insetos vetores e microorganismos. O perigo chega às cidades que não aprenderam a controlar essa ameaça. Saiba mais sobre o assunto na reportagem “A guerra contra o mosquito”, da revista Horizonte Geográfico, clicando aqui.
De acordo com o documento, o ar da floresta Amazônica é muito limpo, especialmente na estação chuvosa, quando as precipitações removem aerossóis da atmosfera. No entanto, essa característica se modifica com as queimadas: a fumaça decorrente dos incêndios na Amazônia é altamente tóxica, causando falta de ar, tosse e danos pulmonares à população, e respondem por 80% do aumento regional da poluição por partículas finas, afetando 24 milhões de pessoas que vivem na região.
Outro dado apresentado é que durante a “estação das queimadas” na Amazônia brasileira (entre julho e outubro), aproximadamente 120 mil pessoas são hospitalizadas anualmente devido a problemas de asma, bronquite e pneumonia. Durante períodos de incêndios intensos, principalmente em eventos de seca extrema, os poluentes da queima de biomassa podem aumentar as taxas de mortalidade cardiorrespiratória, bem como induzir danos genéticos que contribuem para o desenvolvimento de câncer do pulmão.
Além das doenças causadas pelo fogo, o desmatamento pode aumentar a transmissão de doenças infecciosas e até o surgimento de novas doenças. Um aumento de 10% no desmatamento leva a um aumento de 3,3% na incidência da malária, por exemplo.
Pesquisas na Amazônia peruana mostraram a existência de números maiores de larvas em poças d’água morna parcialmente abrigadas do sol, como as que se formam na beira de estradas abertas dentro da mata, e em água acumulada em meio a detritos, que não é consumida pelas árvores.
Novos vírus e pandemia
Durante o último século, em média, dois novos vírus por ano se espalharam de hospedeiros animais para as populações humanas – é o caso do Ebola, MERS, SARS e zika. O risco de surgimento de novas zoonoses em florestas tropicais é maior, por causa da sua grande diversidade de roedores, primatas e morcegos, mas também pelas suas altas taxas de desmatamento e degradação que levam à fragmentação dos habitats e à proximidade das populações, impulsionada pela expansão agropecuária.
A atual pandemia de Covid-19 é provavelmente resultado da pressão humana sobre os ecossistemas naturais. A nota técnica também aponta que as queimadas florestais na Amazônia podem ter aumentado o risco de infecção pelo vírus pela resposta inflamatória persistente que elas provocam, agravando ainda mais a situação de saúde da população deste bioma.
Bem estar e natureza
Outra informação que o documento traz é que o ambiente natural afeta o bem-estar individual e coletivo. Existem inúmeras evidências que destacam a importância da natureza para promover uma melhora nos estados de ânimo e bem-estar. A experiência na natureza está associada a uma melhora em vários índices de saúde, como a diminuição da pressão arterial, a redução dos hormônios associados ao estresse, a melhora dos batimentos cardíacos, do humor, da função cognitiva, dentre outros aspectos.
Agroflorestas
A dinâmica de expansão pecuária-agricultura é considerada a principal causa do desmatamento no Brasil e das emissões de carbono. Na Amazônia, entre 2000 e 2020, mais de 40 milhões de hectares de florestas foram convertidas em pastagens.
Ao contrário das monoculturas de commodities agrícolas produzidas nessas áreas desmatadas, o extrativismo e os sistemas agroflorestais protegem a agrobiodiversidade, sustentam a subsistência humana, segurança alimentar e soberania, e protegem serviços ecossistêmicos importantes, como conservação do solo e da água.
O levantamento aponta que algumas ações podem ajudar a manter os serviços ecossistêmicos das florestas e evitar os riscos de sua destruição. Entre elas estão a conservação das florestas, o melhor manejo da paisagem em áreas de atividades agropecuárias, a restauração das florestas desmatadas ou degradadas, inclusive as próximas de centros urbanos.
Os sistemas agroflorestais são apontados como uma das soluções para a produção sustentável. O levantamento ressalta aspectos positivos dos sistemas agrícolas amazônicos: são altamente sofisticados e incluem uma multiplicidade de plantas cultivadas, manejo complexo da paisagem, articulação com outras atividades de subsistência (caça, pesca, extrativismo) e diversas estratégias e práticas de manejo que refletem pelo menos 12.000 anos de interação com plantas e paisagens por povos indígenas e comunidades tradicionais.
Para ler o estudo completo, clique aqui.