Uma gigante da natureza amazônica foi descoberta: um angelim-vermelho (Dinizia excelsa) com 88,5 metros de altura e 3,15 metros de diâmetro, enraizado em solo paraense. O registro oficial, feito in loco por uma equipe de cientistas, estabeleceu esse espécime monumental como a maior árvore da América do Sul e a quarta maior do mundo.
O angelim-vermelho está localizado na Floresta Estadual do Paru (Flota do Paru), Oeste do Pará, a mais de 800 km de distância da capital, Belém. Ao redor dele, já foram identificadas também, ao menos, 38 árvores de grande porte, duas delas com mais de 80 metros. Trata-se da maior incidência de árvores gigantes na Amazônia, um indicador da rica biodiversidade do território, o que o torna prioritário nos planos de proteção do bioma amazônico.
Uma nova expedição foi realizada recentemente na região, com o objetivo de aprofundar análises físicas e biológicas para estabelecer uma área protegida com foco na conservação de árvores gigantes da Amazônia. Entre os destaques dessa incursão científica está a descoberta de outro santuário de árvores de grande porte nessa porção da floresta.
A iniciativa de conservação é liderada pelo Governo do Pará, por meio do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio) e conta com a parceria do Instituto Federal do Amapá (IFAP), Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e financiamento do Andes Amazon Fund (AAF).
Expedição para registro das árvores gigantes
A expedição científica foi uma das etapas fundamentais do projeto. Nela foram coletados dados para a amostragem e caracterização da área florestal de 560 mil hectares, que abrange uma zona de concentração das árvores gigantes, e vão dar mais subsídios para a transformação parcial da Flota do Paru em uma nova área de proteção integral.
Entre os dias 16 e 30 de maio, um time multidisciplinar de pesquisadores e técnicos do Ideflor-Bio, IFAP e FAS percorreu rios e trilhas da Flota do Paru rumo ao local onde está o gigantesco angelim-vermelho.
A equipe realizou o levantamento de dados em seis parcelas experimentais da floresta, para a amostragem do perfil do solo e inventário da fauna terrestre e florestal, como o macaco bugio-vermelho, araras-canindé e mesmo um grupo de mutuns-grandes. Também foram feitos inventários da fauna aquática no Rio Jaru e seus afluentes, dentro do perímetro definido para a nova área de proteção ambiental.
Gigantes no combate à crise climática
As árvores gigantes da Amazônia representam um papel-chave na manutenção da biodiversidade e no equilíbrio ecológico do bioma. Esses espécimes de grande porte atuam na regulação do clima, absorvendo grandes quantidades de carbono da atmosfera e ajudando a mitigar os impactos da crise climática.
As gigantes são abrigo, lar e oferecem condições de vida para uma vasta gama de espécies de fauna e flora, contribuindo para a proteção da diversidade biológica regional. São um verdadeiro patrimônio cultural, histórico e científico, e podem fornecer valiosas informações sobre o passado da Amazônia, além do potencial para novos estudos e descobertas em inovação e tecnologia.
Por isso, os planos de conservação das árvores gigantes da Amazônia são tão relevantes. Os esforços conjuntos de governos regionais e da sociedade civil salvaguardam não apenas o futuro do bioma, como também promovem o bem-estar das comunidades locais e globais que precisam da floresta amazônica viva e em pé.