O ano ainda nem chegou ao fim, mas o número de queimadas na Amazônia já é maior do que os focos registrados em 2021. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 76.587 focos de incêndio até o dia 18 de setembro, enquanto em 2021 houve 75.090 focos de calor.
Desde maio, todos os meses aparecem com mais registros de queimadas do que na comparação com o ano passado. Os números também mostram que setembro intensificou essa marca negativa, já que foram 18.374 focos registrados em apenas uma semana, quase 10% a mais que em todo o mês de setembro de 2021.
E se engana quem pensa que isso afeta apenas quem mora na região. Além de impactar diretamente no aquecimento global e na criação dos rios voadores, fundamentais para as chuvas e o abastecimento de todo o país, em um dos dias da atual “temporada de queimadas”, a fumaça de incêndios na Amazônia cruzou o céu do Brasil deixando cheiro de queimado em partes de São Paulo e o céu nublado no Rio Grande do Sul.
Por se tratar de uma vegetação úmida, as queimadas na Amazônia são consequência da ação humana, diretamente ligada ao aumento do desmatamento na região. Em agosto, os alertas de desmate na Amazônia tiveram o segundo pior mês na série histórica, de acordo com o Inpe.
Este avanço das queimadas acontece apesar do Decreto Nº 11.100 que, desde o dia 23 de junho deste ano, proíbe o uso do fogo na Amazônia e Pantanal.
O Pará segue sendo o Estado recordista de queimadas, com 24.304 focos de calor registrados, representando 32,2% do total, seguido por Mato Grosso (17.480), Amazonas (15.772), Rondônia (8.232) e Acre (7.875).
“O fogo é uma tragédia anunciada! E após quase quatro anos de uma clara e objetiva política anti-ambiental por parte do governo federal, vemos que na iminência de encerramento deste mandato – que está sendo um dos períodos mais sombrios para o meio ambiente brasileiro – grileiros e todos aqueles que têm operado na ilegalidade, viram um cenário perfeito para avançar sobre a floresta”, alerta André Freitas, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.