Por que somos campeões mundiais de chuva por Peter Milko* Nesse mês que comemoramos o Dia Mundial da Água, vale refletir sobre o papel da Amazônia na circulação de água do continente sulamericano.
Já fazem décadas que se sabe que a evaporação na Amazônia e a transpiração da floresta criam enorme quantidade de umidade na atmosfera. Essa água armazenada nas nuvens, batizada como “rios voadores”, é empurrada pelos ventos para oeste, até a Cordilheira dos Andes, onde faz uma curva e segue para o centro do continente, tornando-se responsável por grande parte das chuvas que caem no centroeste e sudeste do Brasil (clique aqui para ver a animação).
O desmatamento na Amazônia influi diretamente nesse processo. É fácil compreender que se retirarmos a floresta em proporção significativa, esse processo de evaporação e transpiração fica bem menor, os rios voadores carregam menos umidade e as chuvas vão diminuir: vamos deixar de ser campeões mundiais de chuva!
As consequências disso são bem fáceis de prever: menos produção agrícola, menos geração de energia pelas hidroelétricas, falta de água potável nas cidades. Será que alguém quer que isso aconteça?
Portanto, quando você observar os esforços para acabar com o desmatamento da Amazônia, lembre-se que isso é do seu interesse: caso contrário, vai faltar água, comida e energia.
Texto por Peter Milko (Diretor geral da Horizonte Educação & Comunicação.)
Esse artigo é uma homenagem à memória de Gerard Moss, explorador, piloto, escritor e ambientalista suíço-brasileiro que percorreu os ares do Brasil a bordo de seus aviões monomotores, auxiliando nas pesquisas que confirmaram o mecanismo dos rios voadores na América Latina. Ele faleceu há um ano, em 16 de março de 2022. Para saber mais do seu importante trabalho relacionado com os rios voadores clique aqui.