A qualidade da água dos rios da Mata Atlântica vem apresentando melhora gradativa. De acordo com um novo estudo da Fundação SOS Mata Atlântica, embora os desafios permaneçam, houve um avanço na preservação dos recursos hídricos ao longo do último ano. No bioma onde vivem mais de 70% da população brasileira, 8% das análises realizadas em 2023 indicam água de boa qualidade – um incremento discreto, mas relevante, em comparação ao ano anterior (6,9%). Já as amostras classificadas na categoria “regular” representam 77% do total, um aumento de dois pontos percentuais.
A ocorrência de água considerada ruim, por sua vez, caiu de 16,3% para 12,1%. Por outro lado, as análises que indicam qualidade péssima foram mais numerosas no período: passaram de 1,9% para 2,9%. Nesses pontos, que somam 15% do total (contra 18,2% em 2022) a água não é apropriada para seus usos múltiplos – como utilização na agricultura, indústria, abastecimento humano, dessedentação de animais, lazer e esportes.
Os dados são da edição de 2024 da pesquisa “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica”, realizada pelo programa Observando os Rios, da SOS Mata Atlântica, que conta com o patrocínio da Ypê desde 2015 e apoio da Nespresso e da Flex Foundation.
O relatório oferece o retrato da qualidade da água em bacias hidrográficas do bioma por meio de dados do Índice de Qualidade da Água (IQA), levantados por uma rede de cerca de 2.700 voluntários que integram o Observando os Rios. Com base em coletas mensais entre janeiro e dezembro de 2023, foram realizadas 1.101 análises em 174 pontos de 129 rios e corpos d’água em 80 municípios de 16 estados da Mata Atlântica.
Situação dos rios da Mata Atlântica
A avaliação geral indica uma situação ainda longe do ideal, com menos de 10% dos pontos analisados com qualidade boa e, assim como nos últimos anos, nenhum com qualidade ótima.
“Percebemos uma tendência de melhora, mas o quadro de alerta em relação aos rios da Mata Atlântica persiste, revelando a fragilidade da condição ambiental de parte significativa dos corpos d’água monitorados”, afirma Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios. A qualidade regular da água obtida em 77% dos pontos demanda atenção especial dos gestores públicos e da sociedade, especialmente neste momento de emergência climática”, completa.
Considerando cada ponto de análise individualmente, a condição da qualidade da água melhorou em 12 e piorou em quatro. No restante, foi mantida a média de qualidade do ano anterior. Destacam-se os rios Mamanguape, na Paraíba, e o ribeirão do Curral, em Ilhabela, no estado de São Paulo, que saíram de condição regular para boa. A média de qualidade do rio Tietê, na divisa entre os municípios de São Paulo e Guarulhos, passou de ruim para regular – possível consequência de obras de coleta e tratamento de esgotos recentemente finalizadas.
Ainda em São Paulo, outro ponto de melhora foi no rio Jundiaí, no município de Salto, que manteve a qualidade de água boa, de forma perene, ao longo de sete meses de monitoramento. Na região sul, os rios Brás, em Santa Catarina, e Feitoria e Noque, Rio Grande do Sul, foram de média ruim para regular. Três pontos de água péssima estão localizados no rio Pinheiros, na capital paulista, um no Rio Tietê, em Barueri (SP), e outro em Ribeirão dos Meninos, em São Caetano do Sul (SP).
Veronesi chama atenção ainda para o córrego do Sapateiro, na capital paulista, que, no levantamento anterior, havia registrado média boa em sua área de nascente. Em 2023, voltou a piorar, com a qualidade caindo para regular. “A melhora no Sapateiro em 2022 foi motivada por trabalhos conjuntos entre moradores e a prefeitura. No entanto, não houve manutenção das condições que resultaram nessa melhora, o que levou ao rebaixamento da média no estudo atual. É um exemplo de como os cuidados com os rios precisam ser constantes”, explica o coordenador.
Água limpa, direito humano
O ano de 2023 foi marcado pela luta, junto ao Congresso Nacional, em prol do reconhecimento do acesso à água limpa como direito humano, da defesa da participação social na gestão e governança da água nos comitês e organismos de bacias hidrográficas e do fortalecimento da Política Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, além de uma grande mobilização contra retrocessos na legislação ambiental brasileira.
Paralelamente, no nível global, eventos como a Conferência da Água da ONU em Nova York geraram a Agenda de Ação da Água, reunindo compromissos de países e organizações, incluindo a Fundação SOS Mata Atlântica, que destacam a importância da participação da sociedade na governança da água e na integração das agendas ambientais. A COP28, em Dubai, foi outro marco importante, com o Brasil reassumindo compromissos internacionais e destacando-se em agendas estratégicas. A SOS Mata Atlântica teve participação ativa, ressaltando a importância da restauração florestal e do combate ao desmatamento para enfrentar desafios climáticos e de segurança hídrica.
Para Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, a integração de políticas públicas e agendas relacionadas à água, clima, meio ambiente e saneamento no Brasil permanece como um desafio.
“A participação ativa da sociedade civil e a atuação em comitês de bacias hidrográficas são fundamentais para promover a qualidade da água e a gestão sustentável dos recursos hídricos”, afirma Malu. “Enquanto a ONU reforça a importância da água como um bem comum global e destaca compromissos para políticas integradas até 2030, o Brasil enfrenta a necessidade urgente de aprimorar suas políticas públicas e práticas para garantir um futuro sustentável e seguro para todas as pessoas”, salienta. Por fim, Malu destaca que o retrato da qualidade da água dos rios da Mata Atlântica reforça a necessidade de engajamento permanente nessa causa que é água limpa para todos.
Para conferir o estudo na íntegra, acesse o site da Fundação SOS Mata Atlântica.
Maior paleotoca conhecida no estado está sob cuidados da Vale. Recinto é um importante marco histórico da megafauna extinta no Brasil
Uma caverna, também conhecida como paleotoca, escavada por preguiças-gigantes, há pelo menos 10 mil anos, com aproximadamente seis metros de comprimento e peso aproximado de quatro toneladas que viveram nas Américas e em nossa região junto com outros animais como Mastodontes, Tigre-dente-de-sabre e Tatus-Gigantes, foi descoberta por pesquisadores em uma área da Vale, próxima ao Parque Nacional da Serra do Gandarela, região do quadrilátero ferrífero (MG), com túneis, salões escavados e ranhuras indicando atividade e marcas compatíveis com os milodontídeos cavadores, ou preguiças-gigantes de dois dedos. A caverna possui comprimento de 340m de extensão, sendo a maior paleotoca conhecida até o momento em Minas Gerais. Desde a sua descoberta, em 2010, a estrutura segue protegida e foi classificada pelos estudos da Vale como “cavidade de máxima relevância”, seja por atributos físicos ou biológicos, o que, de acordo com a legislação brasileira, já lhe atribui uma condição legal de proteção permanente (Decreto Federal 10.935 de 12 de junho de 2022). ![]() Atividade de monitoramento realizada pela Vale – Créditos: Robson Zampaulo As preguiças-gigantes ou preguiças terrestres eram um grupo de mamíferos pré-históricos que habitavam as Américas há milhares de anos, viviam em rebanhos e eram herbívoros, ou seja, se alimentavam de folhas, gramíneas, ramos e brotos, e consumiam em média 300 quilos de alimentos por dia. Suas garras eram essenciais na hora de apanhar o alimento no alto das árvores. O lábio superior e a língua tinham formato próprio para agarrar a vegetação. ![]() Preguiça-gigante – Eremotherium: Crédito: Rodolfo Nogueira “Muito embora as paleotocas venham sendo estudadas há relativamente poucas décadas no Brasil, a importância histórica, ecológica e ambiental é indiscutível. São ambientes extremamente para a reconstrução da evolução da vida no planeta, mas que atualmente, assim como outras cavernas, também representam um abrigo para espécies raras e endêmicas e que, portanto, necessita de medidas de proteção. Além de ser umas das maiores cavernas do Quadrilátero Ferrífero, até o momento são conhecidas pelo menos uma dezena de espécies troglóbias (que só ocorrem em ambientes subterrâneos) para esta caverna, dentre as quais podemos encontrar aranhas, colêmbolos e opiliões”, destaca o pesquisador Rodrigo Lopes Ferreira, da Universidade Federal de Lavras. A paleotoca, nomeada de AP38, está inserida na formação ferrífera e representa atualmente uma das maiores cavernas associadas a este tipo de rocha na região, fornecendo abrigo, local de reprodução e alimento para espécies que vivem na superfície e em ambientes subterrâneos. A cavidade apresenta uma rede de túneis interligados, conectados a uma câmara maior. As grandes dimensões, marcas de garras nas paredes e tetos, morfologia e seções da caverna permitem atribuir parte de sua gênese às preguiças-gigantes de dois dedos, constituindo um importante registro da megafauna extinta de mamíferos na região. “A paleotoca é um importante ecossistema do patrimônio espeleológico brasileiro e precisa ter sua integridade física e ambiental preservadas. Para isso, desde 2010, uma série de estudos e medidas preventivas foram realizadas pela Vale, sendo proposto o estabelecimento de uma área de proteção ambiental de aproximadamente 40 hectares no seu entorno, que engloba a Paleotoca e toda sua área de influência conforme determina a legislação vigente”, destaca o espeleólogo da Vale, Robson Zampaulo. ![]() Marcas da preguiça-gigante. Crédito: Divulgação/Vale Atualmente, a Vale conta com uma equipe de 25 profissionais dedicados ao tema espeleologia em todo o território nacional. Os especialistas coordenam trabalhos de monitoramento espeleológico, pesquisas científicas e projetos técnicos visando o atendimento à legislação vigente e promovendo operações sustentáveis nas minas onde a Vale atua. Ao longo dos últimos 10 anos, a Vale promoveu a criação de 12 áreas de proteção ambiental com foco em preservação de cavernas, com destaque ao Parque Nacional Campo Ferruginosos, no Pará, o qual detém cerca de 377 cavernas com os estudos de relevância realizados e compõe o maior parque espeleológico em cavernas ferríferas do mundo. ![]() Preguiça-gigante – Eremotherium: Crédito: Rodolfo Nogueira Descoberta e proteção A cavidade natural subterrânea (AP38) foi descoberta durante um levantamento ambiental realizado por espeleólogos a serviço da Vale na região. Desde então, a empresa realiza estudos bioespeleológicos, geoespeleológicos, climáticos, hidrogeológicos, escaneamento a laser, estabilidade geotécnica, delimitação de área de influência, estado de conservação, entre outros. A empresa ainda elaborou um plano de ação para mitigar possíveis impactos na cavidade, instalação de barreiras físicas e cercamento para limitar o acesso de pessoas não autorizadas, placas de sinalização, implementação de sismógrafos para monitoramento de vibrações, rondas regulares de segurança e monitoramento com aparelhos que registram parâmetros sobre as condições microclimáticas da cavidade (temperatura e umidade) e registro de eventos hídricos e dinâmica das águas. Sua área de entorno também está protegida de forma a preservar sua estrutura física, biodiversidade, condições microclimáticas (como temperatura, umidade) e o aporte de matéria orgânica para no seu interior, sendo esta importante para a manutenção da sua fauna subterrânea que inclui espécies endêmicas. Finalmente, é importante ressaltar que apesar do seu valor científico e histórico, esta caverna não apresentação potencial turístico para visitação. |
Já imaginou ver um momento de carinho entre moscas ou uma libélula azul se refrescando? O concurso amador de fotografia Insect Week, da Royal Entomological Society, trouxe essas e outras situações visualmente incríveis dos insetos.
A competição amadora anual recebeu mais de 700 registros de 34 países — e um total de 24 imagens foram premiadas.
A foto de um casal de moscas (Eutolmus rufibarbis) acasalando, intitulada It Takes Two (São necessários dois), de autorida de Pete Burford, de Shrewsbury, no Reino Unido, foi a vencedora geral do concurso. Burford conta que começou a se aventurar no mundo da macrofotografia durante o lockdown imposto pela pandemia de covid-19 e agora publica seu trabalho no Instagram e no TikTok.

Já na categoria Sub-18 o vencedor foi Gustav Parenmark, de 16 anos, da Suécia, com a foto de uma libelinha de cauda azul, intitulada Fresh Out Of The Shower.

Confira outras fotos do concurso amador de fotografia de insetos
Mariposa-esfinge-colibri — Foto: Marc Brouwer

Abelha (Bombus terrestris) em pleno voo — Foto: Raymond J Cannon

Borboleta (Anthocharis cardamines) iluminada pelo Sol da tarde — Foto: Sarah Perkins

Grilo (Saga hellenica) foi tirada – Foto: Panagiotis Dalagiorgos

Esta linda formiga (Euroleon nostras) foi encontrada tarde da noite após uma tempestad’ – Foto: Dennis Teichert

Besouro (Cicindela sexguttata) – Foto: Benjamin Salb

Aphaenogaster iberica – Foto: Ángel Plata

Tug of War (‘Cabo de Guerra’) — Foto: Gustav Parenmark

Questões relacionadas aos povos indígenas e ao racismo estão em destaque na 12ª edição da Mostra Ecofalante de Cinema, que acontece em São Paulo de 1 a 14 de junho, com entrada franca.
Considerada como um dos maiores festivais do Brasil e o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais, a Mostra Ecofalante de Cinema tem suas projeções sediadas no Espaço Itaú de Cinema – Augusta, Centro Cultural São Paulo, Cine Olido e Biblioteca Roberto Santos. Completam o circuito de exibição unidades do Centro Educacional Unificado – CEU, Casas de Cultura, Fábricas de Cultura e Centros Culturais.
No Panorama Internacional Contemporâneo, com 27 filmes de 26 países, destaca-se uma seleção de títulos que abordam sobretudo questões ligadas ao racismo, mas que também não deixam de falar do legado do colonialismo e suas muitas consequências socioambientais presentes até os dias de hoje. Entre eles estão “Filhos do Katrina”, longa-metragem que discute racismo ambiental a partir das consequências do furacão Katrina; “Duas Vezes Colonizada”, sobre o ativismo de uma defensora dos direitos humanos inuíte no parlamento europeu; “Uma História de Ossos”, sobre a luta de uma consultora africana para dar um fim digno aos restos mortais de mais de oito mil ‘africanos libertos’, descobertos durante a construção de um aeroporto na remota ilha de Santa Helena.
A seção traz abordagens de fluxos migratórios em títulos como “Recursos”, elogiado no importante festival de documentários IDFA-Amsterdã; “O Último Refúgio”, filme premiado no festival dinamarquês CPH:DOX, que registra um abrigo temporário de migrantes na África; e “Xaraasi Xanne (Vozes Cruzadas)”, filme de arquivo que lança luz sobre a violência da agricultura colonial no continente africano, premiado no tradicional festival Cinéma du Réel, na Suíça.
Discussões econômicas – sempre presentes no Panorama Internacional Contemporâneo – estão no centro de títulos da seção. Filme mais recente de Gabriela Cowperthwaite, diretora de “Blackfish”, o trepidante “A Apropriação” revela os esforços secretos de governos e multinacionais para controlar comida e água no mundo. Já “Deep Rising: A Última Fronteira” revela as intrigas em torno da obtenção de recursos naturais no solo dos oceanos.
Uma programação é dedicada às estreias mundiais em salas de cinema de três títulos brasileiros que abordam o embate entre indígenas e garimpeiros, queimadas em quatro biomas do país e deslocamento de toda uma população.
“Cinzas da Floresta”, de André D’Elia, registra uma expedição com o ativista Mundano que percorreu mais de dez mil quilômetros por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica como o objetivo de produzir uma cartela em tons de cinza a partir do carvão e das cinzas de restos de árvores e de animais carbonizados. Com esse material foi pintado um painel a partir da famosa obra modernista do artista plástico Candido Portinari (1903-1962) “O Lavrador de Café”.
O filme “Escute, A Terra Foi Rasgada”, de Fred Rahal Mauro (de “BR Acima de Tudo”) e Cassandra Mello, registra o acampamento Luta pela Vida, em Brasília, no qual lideranças dos povos Mebêngôkre (Kayapó), Munduruku e Yanomami se uniram para escrever uma carta-manifesto em repúdio à atividade garimpeira. Na sessão promovida pela 12ª Mostra Ecofalante de Cinema têm presença confirmada as lideranças indígenas da “Aliança em Defesa dos Territórios”: Davi Kopenawa, Beka Munduruku e Maial Kayapó. “Parceiros da Floresta”, de Fred Rahal Mauro, percorre três continentes evidenciando casos de parcerias entre setores privado, público e comunidades locais que geram soluções para a proteção e restauração de florestas tropicais globais aliando tecnologia, negócios e conhecimento tradicional para gerar benefícios verdadeiramente compartilhados.
Temáticas relativas aos povos indígenas e seus territórios marcam parte das produções selecionadas este ano para a Competição Latino-americana, havendo espaço nos 33 selecionados para discussões sobre racismo, migração e trabalho. Destaca-se “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge, que narra uma eletrizante jornada na Amazônia para tentar encontrar e estabelecer o primeiro contato com um grupo de indígenas isolados da etnia dos Korubo, tendo merecido quatro prêmios no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, inclusive o de melhor filme. Consagrado diretor já homenageado na 4ª
Mostra Ecofalante de Cinema, Jorge Bodanzky (de “Iracema – Uma Transa Amazônica”, 1975) assina “Amazônia, A Nova Minamata?”, no qual acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território ancestral, enquanto revela como a doença de Minamata, decorrente da contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje. No inédito “Mamá”, uma obra de cunho intimista com elaborada narrativa e técnica, o realizador de descendência maia Xun Sero relata como, sendo mexicano tzotzil, cresceu cercado pela sacralidade da Virgem de Guadalupe e da Mãe Terra – e sendo ridicularizado por não ter pai. Já o doc
observacional peruano “Odisseia Amazônica”, de Terje Toomistu, Alvaro Sarmiento e Diego Sarmiento, testemunha o trabalho feito nos barcos que constituem o principal meio de transporte de mercadorias e pessoas no rio Amazonas.
Mais informações sobre a Mostra e lista completa dos títulos no site do evento: https://ecofalante.org.br/
Destaca-se na programação ainda um trabalho em realidade virtual, assinado por Estêvão Ciavatta (de “Amazônia Sociedade Anônima”, exibido na 9ª Mostra Ecofalante de Cinema). Trata-se de “Amazônia Viva”, no qual a cacica Raquel Tupinambá, da comunidade de Surucuá (Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, no Pará), guia o espectador em uma viagem pelo rio Tapajós, em um passeio virtual em 360º. Uma sessão infantil está incluída na programação da 12ª Mostra Ecofalante de Cinema. Nela, ganha projeção o longa “A Viagem do Príncipe”, de Jean-François Laguionie e Xavier Picard, obra exibida nos festivais de Locarno, Roterdã, BFI Londres e na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
A Mostra Ecofalante de Cinema é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura. Ela tem patrocínio da White Martins, da Valgroup, do Mercado Livre e da Spcine, empresa pública de fomento ao audiovisual vinculada à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, e apoio da Evonik e da Drogasil. Tem apoio institucional do WWF-Brasil, da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, do Institut Français e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A produção é da Doc & Outras Coisas e a coprodução é da Química Cultural. A realização é da Ecofalante e do Ministério da
Cultura.
Reduzida a fragmentos de sua cobertura vegetal original, a Mata Atlântica ainda é capaz de surpreender pesquisadores, como mostra a recente descoberta de duas novas espécies de árvores frutíferas no bioma.
A poucos quilômetros da metrópole do Rio de Janeiro, dentro de áreas protegidas nos municípios de Niterói e Maricá, foram descobertas a uvaia-pitanga (Eugenia delicata) e a cereja-amarela-de-niterói (Eugenia superba). Com baixo número de indivíduos e ocorrências restritas, as duas espécies já podem ser consideradas sob risco de extinção, como alertam os cientistas.
As descobertas são resultados da pesquisa realizada por um time de sete cientistas do Jardim do Botânico do Rio de Janeiro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da Universidade Federal do Ceará (UFCE).
O estudo começou a partir de coleções botânicas anteriores, onde duas amostras em particular chamaram a atenção dos pesquisadores. Apenas com as amostras, entretanto, não havia material suficiente para chegar a conclusão se se tratavam de espécies desconhecidas ou não. Então, foi organizado um esforço colaborativo em busca das peças que faltavam nesse mistério. As idas a campo compensaram e resultaram na descrição de duas novas espécies de árvores frutíferas para a Mata Atlântica fluminense.
Para enfrentar os riscos que circundam as espécies recém-descobertas, os botânicos apostam nos seus frutos comestíveis e suas belas flores para incentivar que as árvores sejam usadas para fins ornamentais e frutíferas e, com isso, promover também sua conservação.
Uvaia-pitanga
Com troncos de cerca de 12 metros de altura, a uvaia-pitanga chama atenção com seus frutos alaranjados e suculentos que aparecem entre setembro e janeiro, de sabor azedo e aromático. Já a floração, que ocorre entre maio e setembro, desabrocha delicadas pétalas brancas e filamentos coroados por pontos alaranjados.
Cereja-amarela-de-niterói
De frutos de cor amarelada, que amadurecem a partir de dezembro, a cereja-amarela-de-niterói apresenta flores grandes com pétalas verdes e grossas. A árvore apresenta um tronco avermelhado de 15 metros de altura e encantou tanto os pesquisadores que, em seu batismo científico, “superbus”, fazem uma referência ao aspecto soberbo da árvore e do local onde foi encontrada, cercada por outras grandes árvores.
“Embora a espécie ocorra apenas dentro de áreas protegidas, espera-se que a qualidade de seu habitat diminua continuamente devido aos efeitos da fragmentação, crescimento urbano e fogo”, alertam no artigo. Por isso, a cereja-amarela-de-niterói deve ser considerada Criticamente Em Perigo, o grau mais crítico de ameaça de extinção, sugerem os pesquisadores.
Alcançar o pleno acesso à água potável e atendimento de coleta de esgoto é um dos principais desafios dos municípios brasileiros. Para entender e aprofundar esse cenário, o Instituto Trata Brasil lançou o 15ª Ranking do Saneamento com o foco nos 100 maiores municípios do Brasil.
O relatório faz uma análise dos indicadores do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano de 2021, publicado pelo Ministério das Cidades. De acordo com os estudos, a falta de acesso à água potável impacta quase 35 milhões de pessoas. Além disso, cerca de 100 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde da população que diariamente sofrem, hospitalizadas por doenças de veiculação hídrica.
O país ainda tem grandes dificuldades com o tratamento do esgoto, do qual somente 51,20% do volume gerado é tratado – isto é, mais de 5,5 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente.
Para auxiliar comunidades e conscientizar a população sobre o uso da água e a importância do saneamento, a Horizonte desenvolve projetos sociais alinhados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, em parceria com empresas, instituições de ensino e outros representantes locais.
Melhores e piores cidades em saneamento
Nesta edição, o ranking destaca os municípios que variaram mais de dez posições, de forma positiva ou negativa, em relação ao ranking de 2022. Entre os municípios com variação positiva estão: Cuiabá, Niterói, Vila Velha, Vitória e Sorocaba. Por outro lado, Belo Horizonte e Anápolis foram as cidades que apresentaram variação negativa no relatório.
No caso da capital mineira, o principal indicador que demonstrou piora foi no de ligações de água, sofrendo uma redução de 53,65 pontos percentuais. Além disso, piorou todos os três indicadores de perdas de água. Já em Anápolis (GO) houve leve piora nos indicadores total e urbano de atendimento de água.
O estudo evidencia que a configuração do grupo de melhores e piores nos indicadores de saneamento continua semelhante. Dos 20 melhores municípios do Ranking de 2023, oito são do estado de São Paulo, seis do Paraná, um de Minas Gerais, um do Rio de Janeiro, um do Tocantins, um da Paraíba, um da Bahia e de Brasília, no Distrito Federal.
Ainda em relação aos melhores casos, houve uma surpresa positiva: pela primeira vez na história do Ranking do Saneamento, um município obteve nota máxima em todas as dimensões analisadas. Trata-se de São José do Rio Preto (SP) – a cidade paulista apresentou os indicadores dos serviços básicos alinhados com as metas previstas pelo Marco Legal do Saneamento.
Dentre os 20 piores municípios do Ranking de 2023, destaca-se que quatro são do estado do Pará, quatro do Rio de Janeiro, e dois do Rio Grande do Sul. Do restante, quatro pertencem à macrorregião Norte, quatro situam-se na macrorregião Nordeste, um na região Centro-Oeste, e outro na região Sudeste.
Veja abaixo os 20 melhores municípios
- São José do Rio Preto (SP)
- Santos (SP)
- Uberlândia (MG)
- Niterói (RJ)
- Limeira (SP)
- Piracicaba (SP)
- São Paulo (SP)
- São José dos Pinhais (PR)
- Franca (SP)
- Cascavel (PR)
- Ponta Grossa (PR)
- Sorocaba (SP)
- Suzano (SP)
- Maringá (PR)
- Curitiba (PR)
- Palmas (TO)
- Campina Grande (PB)
- Vitória da Conquista (BA)
- Londrina (PR)
- Brasília (DF)
Veja abaixo os 20 piores municípios
- Macapá (AP)
- Marabá (PA)
- Porto Velho (RO)
- Santarém (PA)
- São Gonçalo (RJ)
- Belém (PA)
- Rio Branco (AC)
- Maceió (AL)
- Várzea Grande (MT)
- Ananindeua (PA)
- Duque de Caxias (RJ)
- São João de Meriti (RJ)
- Gravataí (RS)
- Jaboatão dos Guararapes (PE)
- São Luís (MA)
- Belford Roxo (RJ)
- Pelotas (RS)
- Manaus (AM)
- Cariacica (ES)
- Caucaia (CE)
A tabela completa com os 100 municípios do ranking pode ser acessada pelo site do Instituto Trata Brasil e o relatório completo da edição 2023 você pode ler aqui.
Por que somos campeões mundiais de chuva por Peter Milko* Nesse mês que comemoramos o Dia Mundial da Água, vale refletir sobre o papel da Amazônia na circulação de água do continente sulamericano.
Já fazem décadas que se sabe que a evaporação na Amazônia e a transpiração da floresta criam enorme quantidade de umidade na atmosfera. Essa água armazenada nas nuvens, batizada como “rios voadores”, é empurrada pelos ventos para oeste, até a Cordilheira dos Andes, onde faz uma curva e segue para o centro do continente, tornando-se responsável por grande parte das chuvas que caem no centroeste e sudeste do Brasil (clique aqui para ver a animação).
O desmatamento na Amazônia influi diretamente nesse processo. É fácil compreender que se retirarmos a floresta em proporção significativa, esse processo de evaporação e transpiração fica bem menor, os rios voadores carregam menos umidade e as chuvas vão diminuir: vamos deixar de ser campeões mundiais de chuva!

As consequências disso são bem fáceis de prever: menos produção agrícola, menos geração de energia pelas hidroelétricas, falta de água potável nas cidades. Será que alguém quer que isso aconteça?
Portanto, quando você observar os esforços para acabar com o desmatamento da Amazônia, lembre-se que isso é do seu interesse: caso contrário, vai faltar água, comida e energia.
Texto por Peter Milko (Diretor geral da Horizonte Educação & Comunicação.)
Esse artigo é uma homenagem à memória de Gerard Moss, explorador, piloto, escritor e ambientalista suíço-brasileiro que percorreu os ares do Brasil a bordo de seus aviões monomotores, auxiliando nas pesquisas que confirmaram o mecanismo dos rios voadores na América Latina. Ele faleceu há um ano, em 16 de março de 2022. Para saber mais do seu importante trabalho relacionado com os rios voadores clique aqui.

De 2008 a 2017, a presença da carne aumentou 12% no prato dos brasileiros de todas as faixas de renda. Por isso, o consumo deste alimento contribui com 86% da pegada de carbono da dieta, um indicador de emissão de carbono na atmosfera. Os dados são da análise de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) publicada no periódico científico “Environment, Development and Sustainability”.
O estudo foi realizado a partir da análise da Pesquisa de Orçamento Familiar, nos anos 2008 e 2017, que divulgou informações sobre consumo individual e também do preço dos alimentos. “Juntar informações sobre consumo e preço dos alimentos não é muito comum na literatura científica. Essa é uma inovação do artigo”, explica Aline Martins de Carvalho, docente da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Nele são especificadas as características do consumo de acordo com cada tipo de carne. Entre todos os grupos, o consumo de peixe reduziu 23%; de porco aumentou 78%; frango, 36%; e a carne bovina não apresentou mudanças expressivas no consumo no período analisado, apesar de ser a carne mais consumida pelo brasileiro.
A partir de um recorte de renda, os pesquisadores constataram que as famílias mais pobres, com menos de meio salário mínimo por pessoa, não aumentaram o consumo total de carne no período analisado. Este grupo reduziu o consumo de peixe, mas as refeições com frango e porco aumentaram. Dessa forma, seu impacto ambiental foi menor que os demais grupos. Entretanto, isso pode ter se dado pelo preço, acesso e aspectos sociais envolvidos no consumo de carne.
De acordo com Carvalho, o consumo da carne em altas quantidades impacta o meio-ambiente e a saúde das pessoas, aumentando o risco de quadros de câncer de intestino, hipertensão, diabetes e obesidade.
Ou seja, reduzir o seu consumo é uma saída importante, mas não é a única para melhorar a saúde das pessoas e do planeta. “Também é preciso verificar relações de preço, acesso, cultura, consumo e sustentabilidade nos diferentes grupos econômicos”, recomenda a pesquisadora.
Além disso, a nutricionista reforça a importância de discutir os impactos do consumo de carne com a população por meio das políticas públicas. “É necessária também uma abordagem inter e transdisciplinar para investigar as variações do consumo de carne no Brasil, com foco nos valores e na intencionalidade dos sujeitos”, conclui a autora do artigo.
Se na região amazônica, original da espécie, programas de manejo são feitos para retirar o Pirarucu da lista de espécies ameaçadas de extinção, longe dali esse tipo de peixe tem se tornado cada vez mais comum.
Segundo Rogerio Machado, ecólogo e analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais (CEPTA), órgão ligado ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o rompimento de tanques de piscicultura de criadouros particulares, há quase 14 anos, possibilitou que os primeiros peixes da espécie pirarucu tivessem acesso ao rio Grande, entre as Usinas Hidrelétricas de Água Vermelha e de Marimbondo.
Segundo especialistas, a espécie encontrou no trecho do rio um ecossistema muito parecido com seu habitat natural na Amazônia, principalmente por conta das águas sem correnteza.
“Os rios dessa região estão muito modificados e para pior. Assim, enquanto as espécies nativas demonstram ser mais sensíveis a essas alterações e por isso estão em declínio; as espécies não nativas, como o pirarucu, são mais resistentes, não demonstram muitas exigências e conseguem aproveitar os poucos recursos que ainda existem”, explica Lilian Casatti, pesquisadora do Laboratório de Ictiologia da Unesp.
Os primeiros pirarucus foram avistados na região em 2010. Porém, foi apenas em 2015 que pesquisadores conseguiram fazer o primeiro registro científico da introdução da espécie no local.
A introdução de uma espécie não nativa que se alimenta de outros animais aquáticos é a grande preocupação dos pesquisadores que estudam os impactos da reprodução do pirarucu no rio Grande.
“Estamos falando de uma espécie predadora de topo de cadeia alimentar, e um animal de grande porte, que consome outras espécies de peixes de menor porte”, apontou Igor Paiva Ramos, pesquisador da Unesp de Ilha Solteira.
Estudos apontam que, até o momento, o pirarucu apenas habita o trecho entre a Usina Hidrelétrica de Marimbondo e da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha – duas barragens construídas na década de 1970 para a produção de eletricidade – que corresponde a uma distância de aproximadamente 120 quilômetros em que o rio Grande divide os territórios de São Paulo e Minas Gerais.
Contudo, o receio é que nos próximos anos a espécie ganhe os afluentes do rio Grande e comprometa as relações ecológicas de outros rios do interior de São Paulo.
“Talvez daqui 15 anos, as próprias espécies nativas mostrem os primeiros sinais de adaptação de vivência com o pirarucu no rio Grande, mas até lá é necessário um manejo e controle do número de exemplares”, afirma o ecólogo Rogerio Machado.
Estímulo à pesca, manejo da espécie e novas pesquisas científicas são apontados por especialistas como possíveis soluções para remediar os problemas que o pirarucu pode gerar no rio Grande nos próximos anos.
Desde a sua fundação, em 1987, a Revista Horizonte Geográfico – e posteriormente a Horizonte Educação & Comunicação – se dedicou a transmitir conceitos socioambientais, além de mostrar para as pessoas as belezas, os recursos ambientais e a diversidade social que o Brasil tem.
Atualmente, a empresa acompanha as tendências infanto-juvenis para levar informações relevantes, de forma que combine com as formas de expressão dos jovens e que deixem em sua jornada escolar uma marca positiva quando o assunto é meio ambiente, inovação e conexão com o novo.
Esse foi apenas um dos assuntos que fizeram parte da entrevista que Peter Milko, Diretor da Horizonte deu entrevista à revista ESG Trends neste mês.
Peter também falou sobre temas como greenwashing, ou banho verde, que se refere a apropriação equivocada de virtudes ambientalistas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas.
Ressaltou como a transformação digital é um importante pilar para as pautas ambientais e a importância de empresas públicas e privadas se conectarem com as pessoas por meio de projetos educacionais.
“É fundamental o recurso da iniciativa privada para apoiar e disseminar estas novas tendências e novas ferramentas para que, se possível, isso se torne uma política pública. O que eu acho que é válido dizer é que algumas poucas empresas, talvez as maiores, têm suas próprias fundações e institutos que acabam realizando e chegando nas escolas, com projetos próprios. […] Dessa forma, nós acabamos entrando via a Horizonte Educação e Comunicação, ao ser uma espécie de braço de responsabilidade social das empresas médias e grandes. Às vezes também as pequenas. Isso se deve ao fato de que nós temos a facilidade de chegar na ponta. Então, eles acabam nos contratando para que nós desenvolvamos um programa de educação nas cidades para aqueles stakeholders que têm interesse na área educacional.”
Para ler a entrevista completa, clique aqui.